Depois da Copa Davis, foco na Laver Cup
João Fonseca não ganhou descanso após carregar o Brasil na vitória por 3 a 1 sobre a Grécia na Copa Davis. O carioca de 19 anos, que venceu os dois jogos de simples no domingo (14), já tem data para voltar à quadra: de 19 a 21 de setembro, ele disputa a Laver Cup em San Francisco pelo Time Mundo, sob a orientação de André Agassi.
O momento é dos melhores da carreira. Fonseca assumiu o 42º lugar do ranking depois de alcançar a terceira rodada do US Open e mostrar que já consegue competir ombro a ombro com a elite. A confiança aparece no discurso: topo do mundo pela frente? Ele diz estar pronto para enfrentar quem vier, incluindo nomes como Carlos Alcaraz ou Alexander Zverev, caso Agassi o escale para esses duelos.
Para quem acompanha mais os Grand Slams, vale lembrar o formato da Laver Cup: são três dias de evento, com partidas de simples e duplas, e uma pontuação que aumenta a cada dia. Vence o time que chegar primeiro a 13 pontos. O ambiente é de equipe, algo raro no circuito, com os capitães e auxiliares orientando os jogadores a cada troca de lado. Não é amistoso: a intensidade é de torneio grande, e as escolhas de escalações viram xadrez tático.
Fonseca chega com casca. No ano, ele somou dois títulos de Challenger, em Canberra e Phoenix, e construiu uma boa base de resultados nos torneios maiores, com 10 vitórias em 17 partidas de alto nível. A evolução mais clara está na agressividade do forehand e na tomada de decisão sob pressão — sinais de que o salto do juvenil (ele foi campeão do US Open júnior) para o profissional está bem encaminhado.
San Francisco deve colocá-lo frente a frente com estilos variados: sacadores potentes nas duplas, golpes pesados de fundo nas simples e um ritmo de jogo que muda de acordo com a estratégia do time. Esse caldeirão costuma acelerar o crescimento dos mais jovens. Se ele performar bem, ganha não só vitórias, mas também confiança e leitura tática para a sequência do calendário.

Calendário da reta final e o que está em jogo
Passada a Laver Cup, Fonseca atravessa o Pacífico para encarar o seu primeiro Masters 1000 em Xangai, a partir de 1º de outubro. É piso duro, chave grande e adversários do top 50 logo de cara. É também a chance de somar pontos pesados e mirar um salto real no ranking antes do giro europeu indoor.
Depois, vêm dois compromissos na Europa: o ATP 250 de Bruxelas, em 13 de outubro, e o ATP 500 de Basileia, em 20 de outubro. Ambos devem acontecer em quadras rápidas, com jogo mais veloz e bola baixa — um cenário que favorece quem ataca sem hesitar e protege bem o saque. É exatamente onde o brasileiro evoluiu nos últimos meses.
A logística é dura: costa oeste dos EUA, Ásia e Europa em poucas semanas. Fuso, viagens longas e treinos curtos. A boa notícia é que ele chega em ritmo, com corpo acostumado a partidas intensas e confiança alta. A equipe vai precisar calibrar a carga de treinos para manter a explosão física sem perder a precisão nos golpes, especialmente no primeiro saque e na devolução agressiva.
Em termos de objetivos, o recorte é claro: consolidar-se no top 50, flertar com o top 30 e buscar vitórias contra cabeças de chave. Em Xangai, uma boa campanha abre portas. Em Basileia, a atmosfera de ATP 500 costuma dar enorme visibilidade, e qualquer sequência de vitórias vira combustível para a pré-temporada.
O roteiro também ajuda a maturar aspectos que não aparecem na estatística: leitura de momentos grandes, gestão de pressão e adaptação rápida a estilos diferentes. Na Davis, Fonseca mostrou que consegue carregar responsabilidade. Na Laver Cup, vai lidar com o barulho do banco, a estratégia coletiva e partidas que mudam de temperatura a cada game. Em Xangai e na Europa, o teste é de consistência semanal.
Agenda confirmada de João Fonseca:
- 19 a 21 de setembro — Laver Cup (San Francisco), pelo Time Mundo
- 1º de outubro — Masters 1000 de Xangai (estreia em Masters 1000)
- 13 de outubro — ATP 250 de Bruxelas
- 20 de outubro — ATP 500 de Basileia
O recado do brasileiro nos últimos meses foi direto: ele está pronto para jogar grande. Com a Laver Cup como vitrine imediata e uma sequência pesada na Ásia e na Europa, Fonseca entra na reta final do ano com a chance de transformar bom momento em resultados maiores. Se sustentar o nível da Davis e do US Open, o teto fica mais alto já nas próximas semanas.