PIB do Brasil cresce 1,4% no 1º trimestre de 2025 puxado por alta recorde da agricultura

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Agricultura dispara e sustenta crescimento do PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil arrancou em 2025 com crescimento de 1,4% no primeiro trimestre em relação ao fim de 2024, uma aceleração notável frente à quase estagnação registrada nos meses anteriores, quando a alta foi revisada para apenas 0,1%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o avanço chegou a 2,9%, embora tenha ficado aquém da expectativa de 3,2% dos analistas ouvidos pelo mercado. A estrela desse resultado foi, sem dúvida, o setor agropecuário, responsável por apenas 6,5% do PIB, mas que cresceu impressionantes 12,2% na virada do ano.

Essa disparada do campo foi puxada sobretudo por condições climáticas favoráveis e a previsão de uma safra histórica de soja — um cenário que alavancou a economia no momento em que outros setores, em especial a indústria, ficaram para trás. Enquanto a indústria recuou levemente (-0,1%), serviços, que respondem pela maior fatia do PIB, cresceram de forma modesta (+0,3%), sem embalar a economia como muitos esperavam.

Demanda interna segura ritmo, mas juros e dívida preocupam

Demanda interna segura ritmo, mas juros e dívida preocupam

Outro dado que chamou atenção foi o avanço da demanda interna. O consumo das famílias cresceu 2,7% no trimestre, sustentado por um mercado de trabalho estável e crédito ainda disponível, mesmo com o país enfrentando uma das maiores taxas de juros do mundo — atualmente em 14,75% ao ano. Essa resiliência demonstra a força do consumo brasileiro diante das pressões do crédito caro e da inflação ainda resistente, que fechou maio com alta de 0,36% e acumulou 5,4% em 12 meses.

Apesar do cenário mais animador, o peso da dívida federal segue pressionando as contas públicas. O endividamento saltou para 76,2% do PIB, chegando a 7,617 trilhões de reais, com os encargos dos juros consumindo 7,76% do total produzido pela economia brasileira. Ainda assim, o governo conseguiu entregar um superávit primário de 17,8 bilhões de reais em abril, surpreendendo positivamente analistas.

Na indústria, oscilação foi a palavra de ordem. Março mostrou fôlego, com alta de 1,2%, mas no consolidado do trimestre o setor andou de lado, refletindo os desafios do crédito caro e da demanda internacional. Serviços, por sua vez, seguem como pilar do PIB, porém mostraram sinais de desgaste.

Diante dos números e do peso da agricultura nos resultados, economistas voltaram a revisar para cima suas previsões para o ano. Já existem casas e bancos trabalhando com projeção de crescimento de até 2,5% para o PIB em 2025. O desempenho do campo deve continuar sendo o grande motor, mas o Brasil segue atento aos riscos que vêm do ciclo de juros e de eventuais turbulências fiscais.