Falha Dupla de Motor Choca Especialistas
O universo da aviação ficou sem chão com os detalhes do primeiro desastre fatal do Boeing 787 Dreamliner. Um relatório divulgado pelo órgão indiano de investigação, o AAIB, escancarou as falhas que levaram o voo da Air India, de matrícula VT-ANB, a despencar logo após decolar de Ahmedabad, em 12 de junho de 2025.
Logo nas primeiras linhas, o documento é direto: os dois motores simplesmente pararam quase ao mesmo tempo, quase uma milha depois do aeroporto. O avião atingiu em cheio o prédio de um alojamento médico. Das 242 pessoas a bordo, só uma sobreviveu. Lá embaixo, mais 19 pessoas morreram na tragédia. Nunca um 787 havia sofrido um acidente fatal desde o seu lançamento. Para a aviação comercial, isso acendeu um alerta vermelho.
Pilotos em Conflito e Mistério no Cockpit
As gravações da cabine apontam para um verdadeiro enigma. Em meio aos segundos cruciais, um dos pilotos questiona o colega: por que o combustível foi cortado de um dos motores? O outro piloto nega, com firmeza, ter tocado no seletor de corte. Só que a análise mostrou as duas chaves de controle de combustível movidas da posição 'run' (ligado) para 'cutoff' (desligado) durante o voo, momento em que os motores perderam força juntos.
Esse tipo de falha simultânea não é comum. Falhas de motor acontecem, mas as duas ao mesmo tempo, praticamente no início do voo, deixam até engenheiros e pilotos veteranos encucados. A investigação, com apoio das autoridades dos Estados Unidos e do Reino Unido, segue vasculhando dados, pedindo informações à Boeing e ao fabricante dos motores, a americana General Electric.
O teor dos depoimentos e análises agora gira em torno de possibilidades como erro humano, mau funcionamento do sistema ou até interferência externa. Nada é descartado. O silêncio da Boeing e da GE, por ora, é absoluto: ninguém libera declarações concretas, já que qualquer detalhe fora do laudo oficial pode custar caro nesse estágio da investigação.
Para especialistas, essa é uma situação sem precedentes na trajetória do Dreamliner. Um ponto quase unânime: a posição dos interruptores de combustível no momento do acidente é chave. Eles querem entender por que os comandos mudaram, se por ordem dos pilotos, falha de equipamento ou algum software agindo de forma inesperada.
Enquanto as famílias das vítimas aguardam respostas e companhias aéreas do mundo todo acompanham o caso, cada pequeno detalhe retirado dos destroços pode alterar o rumo de toda a investigação. A indústria aérea, famosa por não deixar perguntas sem resposta, vive mais uma prova de fogo.
