Na manhã de terça‑feira, 23 de setembro de 2025, o santuário de Nossa Senhora de Guadalupe e Jesus dos Santos Feridos, localizado no coração de Curitiba, recebeu um tesouro inesperado: uma réplica de São Pio meticulosamente produzida na Itália. O evento foi marcado por uma procissão que saiu da Igreja do Bom Jesus dos Perdões, às margens da Praça Rui Barbosa, e seguiu até o santuário, onde os presentes celebraram uma missa de gratidão.
Detalhes da obra e o percurso até o Paraná
O caixão, que pesa mais de 200 kg, é fruto de quase dois anos de trabalho artesanal no ateliê de Montemilone, na Basilicata. Antonio Stregapede, artista especializado em peças religiosas, passou horas ao lado dos monges franciscanos de San Giovanni Rotondo, responsáveis pela guarda do caixão original. Cada pormenor – da madeira do forro ao habit de lã, dos luvas às sandálias, passando pelo crucifixo com medalha de São Bento e a pintura das estigmas – foi reproduzido com rigor histórico e espiritual.
Em maio de 2025, a peça saiu do ateliê numa caixa reforçada e foi transportada até o Aeroporto de Roma. De lá, um voo comercial a destino de São Paulo garantiu que a obra atravessasse o Atlântico em segurança. De São Paulo, um caminhão especializado fez a última etapa, chegando a Curitiba no dia da celebração.

Cerimônia de recepção e significado para a comunidade
A procissão começou às 11h15, guiada por membros da Associação Evangelizar é Preciso, que patrocinou a réplica. O trajeto de quinze minutos passou por ruas movimentadas, atraindo curiosos e devotos que trocaram cumprimentos e orações ao som de cantos litúrgicos. Ao chegar ao santuário, às 11h30, a réplica foi posicionada num altar preparado especialmente para o momento.
Às 12h00, o padre responsável celebrou a Missa de Ação de Graças, ressaltando a importância de trazer ao Brasil um símbolo tão querido pelos fiéis. Durante a celebração, o sacerdote convidou os presentes a meditar sobre a vida de São Pio, conhecida pelos estigmas e pelos relatos de curas milagrosas. Após a missa, os visitantes puderam aproximar‑se da réplica, tocar o tecido do hábito e fazer suas preces individuais.
Antonio Stregapede, emocionado, contou que o projeto foi um marco pessoal: “Desde criança sou devoto de São Pio. Cada detalhe que reproduzi foi pensado como um ato de fé, e sentir que essa obra será venerada em Curitiba me enche de orgulho”. Ele acrescentou que a data de chegada, 23 de setembro, coincide exatamente com o dia da festa litúrgica de São Pio, reforçando o caráter simbólico da iniciativa.
A réplica permanecerá no santuário de forma permanente, permitindo que peregrinos de todas as regiões do Paraná tenham acesso a um objeto que, de outra forma, exigiria viagem à Itália. A Associação Evangelizar é Preciso planeja organizar visitas guiadas, momentos de oração em grupo e exposições educativas que expliquem o processo de confecção da peça e a história do santo.
Para os fiéis, a presença da réplica representa mais que um objeto de arte; é um canal de devoção que possibilita a veneração sem colocar em risco o caixão original, que permanece sob a custódia dos franciscanos em San Giovanni Rotondo. A prática de criar fac‑similes tem se tornado comum em santuários ao redor do mundo, garantindo que a imagem sagrada possa ser contemplada por milhares de pessoas ao mesmo tempo.