Lançamentos da semana (18 a 24 de agosto de 2025): novos filmes nos cinemas e no streaming

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Semana movimentada para quem ama cinema. Entre produções nacionais que ocupam as salas e um drama internacional de fôlego que desembarca direto no streaming, os lançamentos da semana misturam ambição autoral, temas sociais e humor brasileiro com sotaque cearense.

Nos cinemas: três estreias brasileiras

Na sexta, 21 de agosto, chegam aos cinemas três produções brasileiras dirigidas por Renato Marafon: Anônimo 2, Faça Ela Voltar e C.I.C. – Central de Inteligência Cearense. Três filmes, três propostas bem diferentes, apontando para públicos distintos e para uma aposta clara no poder de atração do cinema local.

Anônimo 2 retoma o universo do filme original e tenta responder aquela pergunta que toda continuação precisa encarar: por que voltar? Sequências funcionam quando trazem algo novo — personagens mais complexos, stakes mais altos, viradas que ampliam o mundo criado. A expectativa aqui é ver como o roteiro evolui o arco do protagonista e como a equipe trabalha o equilíbrio entre nostalgia e risco criativo, algo que costuma separar mera repetição de uma continuação que vale o ingresso.

Faça Ela Voltar segue o caminho do drama de redenção. Histórias sobre culpa e reparação têm um apelo quase imediato porque falam de escolhas e consequências. Quando bem conduzidas, sustentam o filme no rosto dos atores: silêncio, hesitação, pequenas decisões. O cinema brasileiro recente tem encontrado espaço nesse terreno — narrativas íntimas, de paredes próximas, que ganham força pelo detalhe. O desafio, aqui, é manter a tensão emocional sem cair em sublinhados óbvios.

Já C.I.C. – Central de Inteligência Cearense aposta no humor. Uma agência de inteligência fictícia, no Ceará, abre espaço para um tipo de comédia que o público conhece e gosta: personagens espertos e atrapalhados ao mesmo tempo, mal-entendidos, situações que escalam rápido. O humor cearense tem tradição longeva, da TV ao cinema, e a plateia costuma abraçar quando a piada nasce do cotidiano local. Em tempos de agenda pesada, rir continua sendo um argumento forte para tirar gente do sofá.

Três estreias nacionais no mesmo dia, assinadas pelo mesmo diretor, não são comuns. Isso chama atenção para a estratégia de ocupar mais telas e ampliar a conversa nas redes, principalmente quando os filmes se diferenciam em tom e público-alvo. Também testa a programação dos exibidores numa janela menos óbvia do calendário — agosto, fora de férias e antes do aquecimento da temporada de festivais —, onde uma boa campanha pode fazer diferença no boca a boca.

  • Anônimo 2 — estreia nos cinemas em 21 de agosto
  • Faça Ela Voltar — estreia nos cinemas em 21 de agosto
  • C.I.C. – Central de Inteligência Cearense — estreia nos cinemas em 21 de agosto

Para o espectador, a dúvida boa é: qual ver primeiro? Se a ideia é ação e continuidade, vá de Anônimo 2. Se bateu vontade de um drama humano, com foco em personagem, Faça Ela Voltar é o caminho. Para sessão leve, de risada coletiva, a C.I.C. parece pronta para o serviço.

No streaming: dramas de peso no Prime Video e na Netflix

No streaming: dramas de peso no Prime Video e na Netflix

No sábado, 22 de agosto, o Prime Video estreia The Brutalist (O Brutalista), dirigido por Brady Corbet e estrelado por Adrien Brody e Felicity Jones, com produção da Plan B, de Brad Pitt. A história acompanha, ao longo de três décadas, um arquiteto húngaro que foge da Europa do pós-guerra e tenta reconstruir a própria vida nos Estados Unidos. No centro, a obsessão por uma obra definitiva e o custo humano de perseguir um ideal.

Corbet, que já assinou filmes como The Childhood of a Leader e Vox Lux, costuma trabalhar com forma precisa e olhar para personagens empurrados por grandes ambições ou traumas. Aqui, o pano de fundo é a arquitetura brutalista — o concreto aparente, a escala monumental, a função acima do enfeite — e as tensões éticas que cercaram o movimento: prédios públicos pensados para abrigar muitos, mas que acabaram virando símbolo de frieza para alguns e de coragem estética para outros. É um terreno fértil para um drama sobre identidade, pertencimento e as linhas tortas entre idealismo e vaidade.

Adrien Brody, vencedor do Oscar por O Pianista, tem perfil para esse tipo de personagem obsessivo, silencioso, que carrega pesos antigos; Felicity Jones, indicada por A Teoria de Tudo, traz a nota emocional e o contraponto prático. A combinação costuma render quando a história pede que o tempo passe na tela e a relação entre os dois reescreva o projeto — artístico e de vida. A produção da Plan B, que coleciona apostas autorais e prêmios, tende a reforçar essa ambição.

Se a ideia é algo mais direto, de urgência social, a Netflix colocou no catálogo em 15 de agosto A Noite Sempre Chega (The Night Always Comes), adaptação do romance de Willy Vlautin, dirigida por Ramin Bahrani. A trama segue Lynette (Vanessa Kirby) numa corrida de 48 horas para juntar 25 mil dólares e evitar o despejo da família em Portland. É uma história de dinheiro, tempo e pressão — e de uma cidade em transformação, onde a gentrificação encarece tudo e a vida empurra para escolhas cada vez mais difíceis.

Bahrani é conhecido por filmes que encaram o sistema sem levantar a voz — 99 Homes e The White Tiger estão aí para lembrar —, e aqui o método funciona: câmera perto, ruas molhadas, negociações em bares, oficinas, estacionamentos. Vanessa Kirby tem presença para segurar o filme nas microdecisões da personagem; o elenco de apoio inclui Jennifer Jason Leigh, Zachary Gottsagen, Stephan James e Randall Park, em papeis que vão abrindo portas (e fechando outras) nessa maratona.

Vale notar como essas duas estreias do streaming conversam entre si. The Brutalist olha para décadas e para o impacto de decisões estéticas na vida pública; A Noite Sempre Chega comprime a trajetória em dois dias e examina o custo de sobreviver numa economia que não perdoa atraso. Em comum, personagens em busca de lugar e de sentido. Para quem gosta de drama que sai da tela e fica martelando depois, é prato cheio.

  • The Brutalist (O Brutalista) — estreia no Prime Video em 22 de agosto
  • A Noite Sempre Chega — disponível na Netflix desde 15 de agosto

O recado da semana é simples: tem cinema brasileiro pedindo tela e dois dramas internacionais com assunto para render discussão. Quer sala escura e reação coletiva? Tem. Quer sofá e pausa para pensar? Também. O melhor é que dá para combinar as duas experiências e montar sua própria programação, do jeito que a rotina permitir.

E, se a dúvida bater na hora de escolher, vá pelo humor do momento: dia corrido pede risada, noite silenciosa pede drama, e fim de semana com tempo merece aquele filme que faz pensar por mais tempo do que dura a sessão.