Lanús derruba o Fluminense e abre vantagem
Um chute no fim e um estádio em êxtase. Aos 44 minutos do segundo tempo, Marcelino Moreno soltou a bomba que deu ao Lanús a vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense, na ida das quartas de final da Copa Sudamericana, no Estadio Ciudad de Lanús, a conhecida La Fortaleza, lotada por mais de 35 mil pessoas.
O gol nasceu de um contra-ataque desenhado com paciência. Cardoso quebrou a primeira linha com um lançamento longo, Aquino acelerou pela direita e cruzou. A defesa do Fluminense cortou parcialmente, a bola sobrou na meia-lua e Moreno, camisa 10, pegou de primeira. O goleiro Fábio ainda tocou nela, mas não evitou que a rede balançasse e a festa grená explodisse.
O resultado pesa ainda mais quando se olha o contexto. O Lanús entrou em campo com cinco desfalques por lesão. Mesmo assim, montou um time equilibrado, mesclando veteranos que seguram o ritmo e garotos da base que dão perna para pressionar e correr. O plano foi claro: linhas compactas, poucas concessões entrelinhas e saída rápida quando recuperava a bola.
O Fluminense tentou impor posse e circular de um lado ao outro para abrir espaços. Conseguiu empurrar o rival para trás em vários momentos, mas esbarrou na última decisão. Faltou capricho no passe final e precisão na batida. Quando acelerou, a marcação argentina fechou o funil e empurrou o jogo para as laterais, onde os cruzamentos não encontraram destino.
A La Fortaleza fez o que costuma fazer em noites grandes: jogou junto. A cada dividida, a arquibancada levantou. O time sentiu isso e se manteve ligado até o fim. A recompensa veio justamente nos minutos em que a concentração decide. Moreno, artilheiro da equipe na temporada, virou o herói do capítulo mais importante do Lanús no torneio até aqui.
Para um clube que conhece o caminho da competição — campeão em 2013 e finalista em 2020 —, a vitória tem um sabor de confirmação. Não foi um domínio, longe disso. Foi eficiência. Quando a chance apareceu, o Lanús não perdoou. Em mata-mata sul-americano, isso costuma valer tanto quanto uma grande atuação.

O que muda para a volta no Maracanã
Com 1 a 0 no placar agregado, o Lanús viaja ao Rio jogando por qualquer empate para avançar às semifinais. Se vencer, claro, também passa. O Fluminense precisa ganhar. Se for por dois gols de diferença, fica com a vaga. Se vencer por apenas um gol, o confronto vai para a prorrogação e, se necessário, pênaltis. A regra do gol qualificado não vale mais nos torneios da Conmebol.
- Empate no Maracanã: Lanús classificado.
- Vitória do Lanús: Lanús classificado.
- Vitória do Fluminense por um gol: prorrogação e, se precisar, pênaltis.
- Vitória do Fluminense por dois ou mais gols: Fluminense classificado.
Esse detalhe muda a gestão do risco. Sem “gol fora”, o Lanús não precisa se expor para buscar marcar no Rio. Pode compactar, gastar o relógio com posse segura e apostar nas transições, que funcionaram na ida. Já o Fluminense precisa aumentar o volume de finalizações limpas e acelerar por dentro, não só pelos lados, para não cair na armadilha de cruzar por cruzar.
Taticamente, a tendência é um jogo de paciência. O Lanús deve repetir bloco médio, laterais contidos e atenção total às bolas paradas. O Fluminense, empurrado pelo Maracanã, deve tentar um ritmo mais alto desde o início, pressionando a saída e encurtando o campo. Se conseguir roubar a bola perto da área, multiplica as chances de finalizar melhor e abre caminho para o empate no agregado sem se expor demais atrás.
Outro ponto chave: disciplina e gestão de energia. Um cartão mal administrado muda a fotografia em mata-mata. E a maratona de viagens pesa. Quem recuperar melhor entre os jogos, sobretudo os lesionados do Lanús e os desgastados do lado tricolor, pode ganhar uma vantagem silenciosa.
Marcelino Moreno entra na volta com a confiança lá em cima. O gol não foi só bonito. Foi o tipo de lance que carimba liderança técnica. Ele tem sido a válvula criativa da equipe e, quando encontra espaço na entrada da área, decide. Do outro lado, o Fluminense precisa encontrar sua referência no terço final: alguém para segurar a bola, atrair marcação e abrir corredor para quem chega de trás.
Há também o fator emocional. O Lanús provou que consegue competir mesmo remendado. Isso fortalece o vestiário. O Fluminense, por sua vez, sabe que em casa costuma crescer — e que um gol cedo muda tudo. O roteiro está aberto. A única certeza é que a vaga vai exigir atenção até o último minuto, como foi na Argentina.
No fim, a noite em Buenos Aires contou uma história simples: quem foi mais cirúrgico levou. A volta, no Maracanã, promete outro clima, outra velocidade e outra pressão. Resta ver quem vai lidar melhor com isso quando a bola rolar de novo.